1. TABA-ASSÚ
Na visão do historiador Luiz da Câmara Cascudo “O nome
popular, real, lógico é o Assú, valendo o rio condutor das atividades.
Taba-Assú é uma imagem literária sem fundamento histórico”.
Um dos primeiros relatos da existência de índios na região do Assú é feito por
Ferreira Nobre. O historiador Nestor dos Santos Lima, no seu livro
‘Municípios do Rio Grande do Norte’, editado em 1937, cita Manuel Ferreira
Nobre que em seu trabalho “Breve notícia sobre a Província do Rio Grande
do Norte”, publicado em 1877, em Vitória-ES, afirma que “no ano de 1650,
uma tribo de numerosos índios levantou os fundamentos da cidade, (do Assú),
dando-lhe o nome de TABA-ASSÚ, que quer dizer Aldeia Grande”. (Almeida,
2006; 25).
O Assú era povoado, em 1650, por numerosos íncolas selvagens, chamados Janduís,
que formavam uma grande tribo, cujos acampamentos estendiam-se do Vale do Assú
à ribeira do Mossoró.
Guerreiros. Cultivavam a força física da sua raça por meio de contínuos
exercícios e treinamentos, correndo duas léguas a fio carregando grandes pesos
às costas, realizando torneios de força e agilidade onde os vencedores recebiam
em prêmio as mais lindas donzelas da tribo.
Toda a nação tomou o nome do grande chefe Janduí. Alimentavam-se de frutas, mel
e raízes. Não tinham plantações. Não trabalhavam.
Era aqui (Assú) a sua grande aldeia ou taba, denominada ‘Taba-Assú’, que
quer dizer ‘Aldeia Grande’. (Amorim, 1929; 03).
Conforme pesquisas realizadas, sempre que se encontra algum documento com alusão
ao nome da Taba, a grafia está separada com hífen, com dois esses e acento
agudo no “U”. Há uma afirmação do mestre Câmara Cascudo que discorda da
existência do elemento Taba na denominação Taba-Assú. Portanto, pelo que se foi
estudado, nenhum outro historiador discorda deste fato. Sem polemizar, é
coerente dar maiores créditos à maioria que defende a existência da palavra e
da Aldeia Taba-Assú, de onde vem a origem da concepção primitiva do nome da
povoação.
2.
ARRAIAL DE SANTA MARGARIDA
O levante indígena contra os colonizadores tem maior
intensidade com a rebelião denominada Guerra dos Bárbaros.
Informa Taunay que Manoel de Abreu Soares, chegando à Ribeira do Assú, acampou
num lugar chamado Olho D’água e depois em Poço Verde, onde
construiu estacada (Atualmente, ainda subsistem esses topônimos, o primeiro no
rio dos Cavalos e o outro na margem esquerda do rio Assú). Encontrou-se
destruído, o arraial fundado pelo pessoal ligado a João Fernandes
Vieira, “cujas casas os índios saquearam, tendo feito grande mortandade de
gente e animais”. Depois de sepultados os ossos, encontrados ao relento, Manoel
Soares seguiu na pista dos índios, que foram localizados em Mossoró onde tinham
ido abastecer-se de sal. Travado intenso combate morreram dois homens da tropa,
ficando um ferido, ocorrendo uma grande matança de índios, que se dispersaram.
Os remanescentes do grupo indígena refugiaram-se no seu valhacouto do Carrasco,
de onde voltaram, incendiando o antigo arraial e atacando o fortim de Abreu
Soares, dali distante uma légua.
Resolveu, então, Abreu Soares acampar em local distante seis léguas acima do
arraial destruído, tendo iniciado a construção, à margem esquerda do rio Assú,
de uma Casa-Forte para proteção das tropas contra as arremetidas dos
tapuias.
Esclarece Santos Lima que os locais do Arraial e da Casa-Forte,
ainda hoje são denominados pela população.
Naquela Casa-Forte, Abreu Soares permaneceu por quatro meses, sem que se
verificassem ataques dos índios, tendo o mesmo regressado a Natal, ficando como
substituto, no comando o Sargento-mor Manoel da Silva
Vieira.
Na ausência do Capitão-mor Abreu Soares, os índios voltaram à carga, sendo
repelidos pelo sargento-mor, ficando as tropas aquarteladas na casa-forte,
porém sem condições de perseguir o inimigo. O capitão-mor regressou ao Assú,
pelo início de 1687, e ali chegando perseguiu os selvagens durante 25 dias,
desbaratando-os já no Ceará. Aprovisionou-se de alimentos retornando ao Assú
numa longa viagem que durou três meses.
(Medeiros Filho, 1984: 118).
De fato, para o colonizador, a guerra assumiu proporções perigosas e
desastrosas. Uma carta do senado da Câmara de Natal, datada de 23 de fevereiro
de 1687, dirigida ao Governador de Pernambuco, João da Cunha Souto Maior, dava
conta que só no Assú os povos indígenas do grupo Tapuia:
“já tinham morto de cem pessoas, escalando os moradores, e
destruindo os gados e lavouras, de modo que, já não eram eles os senhores
daquelas paragens, que a fortaleza se achava sem guarnição, não dispunha de
recursos necessários para acudir os pontos atacados.” (Pires, 2002;
67/78).
No dia 20 de julho de 1687 a região do Assú é denominada de ARRAIAL DE SANTA MARGARIDA. Em plena efervescência da Guerra dos Bárbaros, ou levante do Gentio Tapuia, o Capitão-Mor Manuel de Abreu Soares fundou o Arraial. (Silveira, 1995: 50).
Acampou, nesta data, “na fralda de uma colina arenosa, à margem esquerda de um
braço do rio Assú, lugar onde se diz fora o principal alojamento dos índios,
conhecidos por Taba-Assú, a cerca de 2 quilômetros da Casa-Forte pelo lado
sul”. (Medeiros, 1984; 119).
A origem do nome do novo arraial, batizado com o nome de Santa Margarida,
deu-se em decorrência de coincidir a data da chegada de Abreu Soares ao Assú,
vindo do Ceará, com o dia em que era festejada aquela santa pelos católicos.
O arraial começou a dar ares de desenvolvimento ao tempo em
que continuavam os ataques dos selvagens. Foram feitos muitos sacrifícios de
vidas e de haveres para a completa exterminação dos rebelados, passando, após a
criação da freguesia (1726), a ser conhecido pela denominação de Povoação
de São João Batista da Ribeira do Assú. Os Janduís, apaziguados, foram
aldeados no arraial com seus missionários.
3. ARRAIAL DE NOSSA SENHORA DOS PRAZERES
No ano de 1697 o recém nomeado capitão-mor da Capitania do
Rio Grande, Bernardo Vieira de Melo reclamou ao governador geral, o abandono
das sesmarias concedidas, anteriormente, inclusive a de João Fernandes Vieira,
pelo que o governador mandou fazer as demarcações e nova distribuição. (Fonte:
Projeto Memorial Indígena. Sociólogo da UFRN Arlindo Melo Freire).
Devidamente autorizado, Bernardo Vieira de Melo chega ao Arraial de Santa
Margarida, com forças da Bahia, Pernambuco e o Terço dos Paulistas, com o
intuito de expulsar os indígenas, de acordo com o desembargador Christovam
Soares Reymão, Ouvidor Geral, e funda no dia 06 de fevereiro de 1696 o ARRAIAL DE NOSSA SENHORA DOS PRAZERES.
O capitão-mor Bernardo Vieira depois de quase três meses na região, obteve
êxito. Conseguiu dizimar parte dos indígenas. Aqueles que escaparam se
refugiaram no Ceará. Muitos foram capturados e detidos para serem utilizados
como escravos. Dado por satisfeito, Bernardo Vieira nomeia capitão o cabo
Theodosio da Rocha e o deixa no Arraial com uma guarnição de 30 soldados.
Contando com total apoio dos moradores, cria no dia 24 de abril de 1696 o
quartel denominando-o de Presídio de Nossa Senhora dos Prazeres, em
virtude do dia consagrado àquela santa. (Medeiros Filho, 1984; 124).
Começa a partir deste período a colonização deste rico solo com agricultura e
pecuária. Neste ramo, com destaque para as charqueadas. Existe uma rua na
cidade do Assú que leva o nome do Capitão-Mor Bernardo Vieira de Melo.
4. VILLA NOVA DA PRINCESA
Em homenagem a Princesa Carlota Joaquina de Bourbon - filha
de D. José I e esposa de D. João VI, depois Rainha D. Maria I, de Portugal, mãe
de D. Pedro I, avó de D. Pedro II, imperatriz do Brasil - a conhecida Povoação
de São João Batista da Ribeira do Assú, no dia 22 de julho de 1776, foi transformada
em município. No entanto, só veio a ser instalado a 11 de agosto de 1788,
tomando o nome de Villa Nova da Princesa. (Amorim, 1929; 4).
De acordo com a Ordem Real de 22 de julho de 1776, o julgado do Assú -
conhecido por povoado de São João Batista da Ribeira do Assú - foi pelo
Desembargador Ouvidor e Corregedor da Comarca de Natal, Antonio Felipe Soares
de Andrade de Brederodes, solenemente instalado com a denominação de VILLA
NOVA DA PRINCESA.
Para instalação do primeiro Senado da Câmara, foram nomeados os cidadãos
Francisco José Dantas Bacelar, Francisco Dantas Cavalcante, João Mendes
Monteiro, Antonio Correia de Araújo Furtado e Francisco da Silva
Bastos. (Wanderley, 1966; 108).
Um fato curioso é que Carlota Joaquina tornou-se inimiga acérrima do Brasil,
que teve a desdita de hospedá-la de 24 de janeiro de 1808 a 26 de abril de
1821, data em que a corte voltava às terras lusas, onde a princesa, ao chegar
beijou, ajoelhada, o chão da “saudosa pátria”, que abandonara, com o infeliz
esposo – o comedor de frangos - na célebre “noite da covardia” (27 de novembro
de 1807), sob os apupos da multidão contra a pusilanimidade de um governo
fujão.
Além disso, a depravada mãe de D. Pedro I, ao saltar, bateu dos sapatos os
últimos resíduos de areia da terra do Brasil, para não manchar o solo
Portugal.
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